Ao contrário da maioria, eu não via nada de muito interessante na atividade de voar. “O vento batendo nos cabelos a sensação de liberdade...”, diziam e eu pensava: “o vento bagunçando os cabelos, o risco de cair e fraturar algum osso...”. Certamente aquele não era um meio de transporte que eu tinha grande apreço, Rede de flú também não me animava, quanto mais cedo eu aprendesse aparatar, melhor.

A ordem era que fôssemos a uma sala de aula no primeiro andar, ao contrário do que imaginara, no campo de quadribol. Quem sabe a Profª. Dessendorf não fosse uma daquelas bem tradicionais que não acreditassem no ensino prático,e e fosse dar umas 500 aulas teóricas antes de nos deixar tocar em uma vassoura. Eu não podia estar mais errada. A francesa era na verdade uma louca desvairada que não parecia ter se quer a intenção de transferir algum tipo de conhecimento. Ela foi bem clara, a aqueles que não sabem voar, que se virem.

Acompanhei a multidão de alunos para o campo, não sei porque eu tinha a impressão de que qualquer argumento que eu usasse com a professora, ela simplesmente me diria: “se vira”. Poupando-me de aborrecimentos fiz simplesmente o que ela mandava, tentando ser positiva sobre o assunto. - Ok, Daria. Essa é só uma matéria como outra qualquer. - tentava me acalmar enquanto procurava no armário de vassouras do campo pela minha. O modelo da minha vassoura era uma Cleansweep 11, eu não fazia a menor ideia se era boa ou ruim, meu desinteresse por voar era tanto que eu nem me dei o trabalho de pesquisar sobre e só comprei aquela porque achei que tinha o nome mais bonito.

Separara um livro sobre o assunto na noite passada, peguei-o e fui caminhando em direção ao campo, uma das mãos segurando a vassoura a outra o livro e andando devagar para não tropeçar em alguma coisa, já que eu estava com os olhos fixos no livro. Fui a última a me juntar ao grupo. Estava tentando juntar o maior número de informações possíveis, em uma leitura bem apressada requeria muita concentração para não ter que voltar nenhum trecho. A leitura foi irrompida pela explicação da professora. Parece que a aula tratar-se-ia de um jogo. Como se eu ainda nem sei montar em uma vassoura? Ele deu uma explicação bem resumida, falando bem rápido também. “Que se vire”, certo? Ok.

Eu junto aos corvinos nos dirigimos ao lado direito do campo. Por sermos organizados e sagazes tentamos organizar um plano. Um dos alunos que parecia ter uma certa experiência com quadribol tomou a liderança e definiu a nossa estratégia. Tudo parecia estar sob controle. Enquanto isso, os grifinos organizavam um grito de guerra, os sonserinos insultavam os grifinos e os lufanos... er... os lufamos faziam algum tipo de dança ou invocação de shaman, não tenho certeza.

A professora deu o primeiro apito para nos prepararmos. Fiz como indicava a figura, colocando a vassoura entre as pernas, segurando com a mão direita na haste e a outra segurava o livro. Com o segundo apito fiquei estagnada. Agora era o impulso. Assisti alguns alunos voarem alto com êxito e outros poucos caírem em terra, mas eu era a única que não tinha feito nada. Respirei fundo deixando o livro de lado. Eu teria que aprender algum momento certo. Impulsionei-me para frente voando até ficar a mais ou menos uns 10 metros de altura. Dei-me por satisfeita. Joguei as pernas para trás conduzindo-me com dificuldade e mantendo uma velocidade lerda aproximei-me das arquibancadas e repousei ali para assistir o caos de longe.

O jogo era bem mais dinâmico do que se imaginava, mesmo quando se capturava uma das bandeiras, não conseguia-se chegar até a professora antes que outro time roubasse uma das bandeiras. No dado instante, a Lufa-lufa estava com as bandeiras da Grifinória e da Corvinal, a Sonserina com a bandeira da Lufa-lufa, a Corvinal com a bandeira da Sonserina e a Grifinória sem nenhuma bandeira. O jogo se desenrolava com dificuldade, os grifinos eram extremamente energéticos e começaram o jogo super-bem, mas perdiam a concentração com as provocações da Sonserina. A sonserina não parecia tão preocupada em ganhar o jogo como estava em caçoar dos grifinos. Os corvinos não contavam com um grande número de pessoas habilidosas. Nossa casa conta com um grande número de nerds, nerds geralmente não são bons em esportes... E por último os lufanos que apesar de muto ágeis não eram muito competitivos, pareciam mais preocupados em se divertir que propriamente ganhar.

Nos momentos decisivos do jogo a situação estava mais ou menos assim: um grande número de grifinos e sonserinos foram levados a enfermaria, a rivalidade entre as duas casas era muito grande e os atrapalhava no jogo. Após disparar um insulto de “sangue-ruim” uma briga deu-se levando 5 feridos da Grifinória e 4 da Sonserina. Os dois times estavam em desvantagem, haviam perdido jogadores importantes, enquanto isso Corvinal e Lufa-lufa trocavam bandeiras, mas parecia um jogo de batata quente que propriamente um rouba bandeira. A vitória se deu da forma mais épica e patética que você pode imaginar. Depois dos corvinos terem tentado diversas formações de ataque de famosos times de Quadribol aquilo fora uma afronta. Um dos lufanos apontara para si mesmo com a varinha e usando “sonorus” gritou apontando para uma direção ao longe: - O que é aquilo? - aproveitou-se do momento de distração dos alunos e com rapidez roubou a bandeira da Grifinória e entregou-a junto a de sua casa para a professora.