Jake nasceu no ano de 1992 na França onde seus pais residiam numa casa de classe média. Ao passar do tempo, o garoto foi se tornando uma criança aparentemente saudável e bem educada, sempre pedindo desculpas quando fazia algo de errado ou quando esbarrava em outra pessoa, sempre falando obrigado para todos, sempre andava sorrindo e tinha ótimas notas em sua escola trouxa. Jake sempre foi bastante apegado a sua mãe, ela sempre elogiava seus trabalhos e sempre comentava que seu filho era um ótimo garoto. Ele quase nunca conseguia ver seu pai e quando o via, ele quase sempre estava gritando com sua esposa. Quando isso acontecia, o garoto sempre ficava encolhido num canto do seu quarto, tentava se distrair com algo, mas não podia negar que sempre quis interferir naquilo, empurrar seu pai para longe e estufar o peito para tentar proteger sua mãe, mas ele nunca o fez. O garoto passou anos e anos remoendo aquela raiva, aquele sentimento desconhecido de ódio e com isso ele começou a tirar notas baixas na escola, começou a ignorar seus antigos amigos, não sentia mais vontade de sorrir.

Foi quando o garoto completou dez anos que não conseguiu conter sua fúria. Ele viu seu pai apontar um tipo de galho pequeno para sua mãe e pronunciar algumas palavras desconhecidas, o que aconteceu depois ficou marcado na memória do garoto. Um jato verde atingiu sua mãe e a fez cair instantaneamente no chão, ela estava morta. Jake ficou estático enquanto deixava o olhar sem vida de sua mãe dar o empurrão que precisava para se vingar depois de tantos anos sem fazer nada. O garoto foi calmamente para seu quarto e ficou lá, esperou até a noite quando seu pai voltava para dormir, quando o relógio marcou meia noite ele decidiu agir. Desceu as escadas e foi até a cozinha, pegou a faca que sua mãe sempre usava para cortar legumes e rumou para o quarto onde seu pai descansava. O garoto parou ao lado da cama e ficou observando seu pai dormir tranquilamente como se nada tivesse acontecido, aquilo teve um efeito nele, o garoto não sentiu remorso algum quando cravou a faca com força no peito de seu pai. Ele fez aquilo tantas vezes, não conseguia se cansar de ver a faca entrar na pele com facilidade e quando saia, fazia jorrar sangue por todo o lado deixando a cama numa cor avermelhada. No total foram vinte e cinco facadas exatas no coração, Jake nunca se arrependeu.

Depois disso, ele não pôde permanecer na frança, pois sabia que seria condenado. O garoto juntou todo o dinheiro que achou na casa e comprou uma passagem de avião para Londres, onde permaneceria na casa de seus avôs. Após sua chegada no local, o garoto mentiu sobre o que havia acontecido e se contentou a falar que os pais tinham sido assassinados por assaltantes, ele até deixou caírem algumas lágrimas falsas para deixar tudo mais real. As coisas se estabilizaram e o tempo passou fazendo assim, tudo o que havia acontecido ficar enterrado na memória sádica e psicótica de Jake.

Quando ele completou quinze anos, recebeu uma estranha carta que o convidava para uma escola chamada Hogwarts, junto da carta havia um bilhete de trem marcado com a numeração da plataforma sendo 9 ¾ . O garoto procurou na internet, mas não conseguiu achar nada a respeito dessa tal escola de Magia e Bruxaria. Imaginando que a escola seria um lugar realmente secreto por não existir na internet, o garoto decidiu aceitar. Ele leu a carta várias vezes e não pode deixar de ficar confuso, como assim caldeirões? Ele pensava. Por fim, achou que tudo era uma brincadeira de muito mau gosto, afinal, não existe essa coisa de magia, ele repetia para si mesmo com um ponto de interrogação implícito no final de sua frase. Existia ou não? Até que ele se lembrou do dia em que sua mãe morreu, o canalha que dizia ser seu pai havia usado um tipo de galho de árvore e o que seria aquele jato verde? Será que era possível mesmo seu pai ser um tipo de bruxo? Tudo isso pesou muito na cabeça de Jake, o garoto adormeceu e teve sonhos estranhos nos quais ele lançava feitiços em outros garotos, os fazia chorar sem remorso algum.

No dia seguinte, Jake foi até a estação de Trem comprar uma passagem para o Reino Unido. Sim, ele havia decidido ir para Hogwarts. O garoto arrumou algumas roupas e falou com seus avôs, assim que ele falou a palavra Hogwarts, ambos ficaram emocionados. Enquanto a avó chorava de emoção, o avô entregava para o garoto várias moedas douradas que ele chamava de Galeões. Jake guardou tudo em sua mochila e rumou para a estação de trem onde foi direto para a escócia. Ao desembarcar, ele pegou o bilhete que havia recebido junto com a sua carta. Procurou por toda a estação alguma plataforma numerada com 9 ¾ , não achou nada. O garoto deixou seu corpo exausto cair em um banco quando ouviu alguns adolescentes falarem sobre ser o primeiro ano de Hogwarts. Jake não demorou a se levantar e observar os passos dos garotos, eles correram na direção de uma pilastra e ‘puf’, desapareceram. Jake coçou os olhos e caminhou até a mesma pilastra, tocou a mão dela e sua mão atravessou a mesma. O garoto sorriu maravilhado e passou seu corpo por ali de olhos fechados, quando os abriu se encontrou de frente para um trem cujo vapor já estava forte anunciando a partida do mesmo. Jake correu e adentrou no mesmo enquanto apertava forte a alça de sua mochila, ele se sentia tão pequeno ali, tão insignificante que mal conseguia subir o olhar para encarar alguém, mas ele tinha uma certeza. Ele tinha a certeza de que faria tudo mudar, a certeza de que seria conhecido por aquela escola chamada Hogwarts, seria conhecido, temido e respeitado. Esse era seu único objetivo, por enquanto.

O tempo se passou e a cada dia, Jake se metia em confusão. Ele era do tipo ignorante e briguento, suas amizades eram completamente fúteis e interesseiras. O garoto só se importava em debochar dos Lufanos, tirar sarro dos Corvinos e arranjar briga com os Grifinórios. Pelo menos ele havia conseguido completar seu objetivo, ele agora era conhecido, temido e respeitado. Para ele era tudo o que importava porque ali ele tinha seu mundo particular, um mundo no qual ele conseguia controlar tudo e para ele, isso era só o começo.

Sempre que voltava para casa no final do ano letivo, Jake parecia mais distante de seus avôs. Ele não fazia questão de olhar na cara deles e sempre os chamava de trouxas, a magia havia o mudado. Ele sempre usava sua varinha para trazer comida ou derivados, tudo o que ele fazia era para treinar os feitiços para quando voltasse à escola, conseguir atormentar a vida dos outros com mais habilidade. Os professores não sabiam mais o que fazer com ele, já haviam desistido de tentar fazer dele uma pessoa respeitosa igual às outras. No terceiro ano escolar, Jake estava calado. Não ria de ninguém, não revidava as provocações, todos achavam que ele havia finalmente tomado jeito, coitados, mal sabiam o que os esperava. Jake tinha decidido passar esse terceiro ano em silêncio somente para ver quais pessoas o atormentariam e quais pessoas seriam realmente leais. Já era de se esperar que a maioria o tratasse mal, até seus colegas da Sonserina passaram a ignorá-lo comentando que ele havia perdido seu espírito. Jake iria surpreender a todos esse ano e todos aqueles que riram dele, todos aqueles que decidiram ignorá-lo, iriam pagar caro.