- Bateu? Eu não ouvi. - não havia nada mais irritante que aquelas pessoas que falam: “e a palavrinha mágica?”, quando você pede alguma coisa. É irritante, poxa, você não é nem a minha mãe. Por falar nela, ai como eu queria arrancar o aplique louro daquela cabeça... Todo o meu sofrimento e ela era a pessoa por trás da tramoia... Mãe não era pra ser a pessoa que deseja nossa felicidade? Não adianta vir com essa de: “é pro seu próprio bem...”. Não teve uma coisa aqui se quer que me faça pensar isso... Bom para mim é estar em Nova York, onde eu reino.
- Joguei a garrafa vazia de cerveja acabada na pia, e puxei outra abrindo na borda da pia e então a levando a boca e bebericando-a. - Você quer? - não fiz nenhum tipo de indicação do me referia, mas estava meio óbvio. O que mais eu estaria oferecendo? Por favor, não responda. Só tô oferecendo cerveja.

Quatro cervejas depois...
Fato engraçado quando você está bebendo e curtindo a sua falta de alegria sozinha: pode cair uma vaca vestida de bailarina na sua frente que você olha com desinteresse e pensa: “ah, beleza.” Pois é, nem pulei da cadeira quando vi a garota levemente embreagada entrar na “minha” casa sem muita cerimônia. Já estava completamente esparramada no sofá, a cabeça no assento e as pernas nuas jogadas na parede. Que exemplo de classe! Vou pedir para tirarem uma foto e anexarem naquele livro de comportamento lady-like no livro da tia Morgana. Elevei o tom de voz, mesmo que não fosse muito necessário, o único barulho detectável era da torneira pingando: - Toctoc. Quem é? É a Madonna. Posso entrar? Claro, srt. Madonna... Aqui é a casa da Lady Gaga, sinta-se em casa. Vamos falar mal daquela vadia da Cher? - eu até alternei a voz pra ficar mais claro. Eu era uma pessoa muito engraçada quando bebia. Reza a lenda, que certa vez, eu fiz meu professor de física em off rir.

Courtney Love estava de volta. Maquiagem borrada, a roupa suja de terra. Se havia alguém em uma situação pior que a minha naquele castelo, era ela. Não que isso seja o tipo de título que me orgulhe, mas é sempre bom saber que existe alguém pior que você, mesmo que isso não anule o fato de você também estar fodid*. - Oi, Madonna. Vai uma cerveja aí? - não sei de onde veio aquela energia que puxou uma das garrafas ainda cheias em direção a garota, ou uma das 3 imagens imagens repetidas que via dela. Mais uma vez, não tenho certeza. Mais uma vez, tanto faz.

- Sabe, Madonna. Tô pensando em lançar essa tendência, depois daquele visual de carne... Acho que ia causar, fazer a junkie. Estamos sentindo um pouco de falta disso desde que a Amy Winehouse saiu um pouco de cena. - bebericava eventualmente a cerveja. Meus cálculos de bêbada me diziam que aquela era a 5ª, o que significa que essa deve ser pelo menos a 6ª, se já não estiver na 10ª. Tanto faz, nesse momento eu, Lady Gaga, e Madonna estamos decidindo coisas mais importante, o futuro do Pop. Será que ela me empresta um daqueles sutiãs pontudos? Como se já não bastasse minha homenagem em Alejandro, talvez eu devesse fazer uma aparição usando seus famosos sutiãs de casquinha de sorvete em um show. Que nada, quero mais é ser Rainha do Pop, não cái bem ficar fazendo homenagens...Vou destronar essa vadi* aí ou eu não me chamo Lady Gaga! [b]Você não se chama Lady Gaga'.[/b] Detalhes... detalhes...

Madonna agora estava passando dos limites. Tirando a minha cerveja? Olhava inerte para ela me sugando as últimas esperanças de felicidade. Madonna, sempre querendo ser a rainha... Tsctsc... Será que ela não notava que estava passada nessa carreira? Vá aproveitar a sua terceira idade em uma ilha perdida com aquele pedaço de mal caminho do Jesus. É o melhor que você pode me fazer... E me traz uma cerveja gelada também.- Acho que ainda tem no armário – apontei a fonte sagrada de cervejas muito além do prazo de validade. Ainda haviam duas últimas cervejas, se é que pode-se chamar aquele líquido amarelado, gosmento e com gosto de água suja de cerveja.

O beijo lésbico da Madonna e da Britney Spears foi aquele espanto em 2003. A bissexualidade de Lady Gaga já não era uma dúvida que fez questão de colocar aquilo um tanto explícito em Paparazzi. Fazia sentido um beijo entre as duas então. Pelo menos para a minha mente bêbada faz. No entanto, não poderia deixar de esquecer o quão gato era Jesus Luz e o quão irônico era seu nome, já que o dela era Madonna. Obviamente eu não poderia deixar de dividir meus pensamentos com a minha parceira. Não precisamente por vontade própria, mas porque as palavras me saltavam a boca sem me deixar opção. - Eu acho que a Madonna deveria pegar logo os dois. Ela é diva, pode tudo! – girei no sofá. Aquela posição já estava começando a se tornar desconfortável. Agora estava sentada tinha os olhos fixos em Madonna enquanto ainda me servia daquilo que pode-se chamar de cerveja.